Anti Cupido
Terceira estação:
Por quantos amores superficiais se trocam poucos compromissos reais?
Capítulo VIII : Abril – Discutindo a relação (alheia)
Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Laís, o que você diria se ouvisse algum boato sobre eu estar ficando com alguma garota? — Leonardo, depois da aula, quis entender os boatos que ouviu.
— Só comentaria que já perdi a conta e procuraria a enganada da vez para falar mal de você para ela. Do que quer falar dessa vez? — Pessoa sem paciência…
— Ouvi dizer que você estava catando um cara.
— Você acredita nisso? Novamente, seu bom senso parece ter se esvaído, Leonardo!
— Me contaram bem no momento em que você concluiu mais uma missão — Leo apontou para o álbum de fotografias.
— Hã? O que as minhas fotos têm a ver com uma falácia qualquer? Novamente, a abstinência de sexo (leia-se: café) está te fazendo mal, pelo visto.
— Não pense que eu estou mal, é você que está perdendo a sanidade, pelo jeito.
— Isso não está fazendo sentido algum, Leonardo. Se for para falar abobrinhas, suma da minha frente.
— Vou recomeçar, então. Por acaso, para dar uma lição em um dos casais de uma das suas fotos, você andou beijando algum rapaz, minha querida amiga Laís?
— Não me chame de “querida amiga”, é nojento. Até parece que sou sua namorada, e isso seria um pesadelo.
— Laís, está fugindo da questão.
— Digamos que havia um garoto que fingia que amava sua namorada. Ele vivia tentando provar esse falso amor a todos ao seu redor, à garota e a ele mesmo. Só que, quando nenhum conhecido estava por perto, observando, ele aproveitava para conhecer melhor outras garotas. Então, eu precisava dizer a ele que isso era errado, e revelar a verdade à namorada.
— Então você beijou um cara comprometido, é isso?
— Não vou ficar trocando saliva com um tipinho desses, que é aproveitador, traidor e infiel, tudo ao mesmo tempo! Nem tenho motivos! Está achando que eu sou como você agora?
— Ai, ai…
— E o pior: aquele inescrupuloso realmente queria se aproveitar de meus doces lábios, mas a namorada dele chegou primeiro. Eu fiquei tão surpresa com a cena que exclamei: “Alan (nome genérico que só vai aparecer agora)17, quem é essa?”. Ele, como se não fosse alguém importante, só respondeu “minha namorada”, e eu, lógico, reclamei: “Você não me disse que tinha uma namorada!”.
Leonardo não suportou tamanha aleatoriedade. Fez um facepalm e não quis mais saber da novidade. Nisso, certa notícia ao amigo Laís não revelou: satisfeita estava de ouvir que o boato se espalhou.
Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro! (pense na história como se fosse uma música e esse trecho, o refrão.)
— Ei, Laís…
— Que susto! Seu ***** ** **** (leia-se: intolerante), fez eu rasgar essa foto!
— Você não rasgaria de qualquer jeito?
— Sim. E, não importa o que tenha acontecido com a garota que você estava enganando, não vou voltar atrás.
— Ah… Então foi você. — Leonardo, em um instante, estivera aos beijos com uma secundarista, e no outro instante, começou a ouvi-la dizer sobre namoro, amor verdadeiro e relações de longa duração. Respondeu que não estava a fim e foi embora.
— Pelo jeito, não quis fingir que sentia amor por ela…
— Uma amiga minha disse que eu não deveria mentir, e fora isso nunca…
— Tá, já ouvimos essa ladainha.
— …Nunca fiquei falando que amava garotas por aí sem que as amasse.
Espaço para um olhar tanto sarcástico, quanto furioso, de Laís, por causa do capítulo quatro. Leo ainda precisava provar, de um jeito menos duvidoso, seu amor de amizade e manter esse pacto. (ignorem que “quatro” não rima bem com “pacto”.)
— Que seja. Laís, estão dizendo de novo que você está saindo com homens comprometidos.
— Então não basta contar mentiras, ainda fica acreditando em mentiras que lançam por aí?
— Da primeira vez, foi quase verdade. Disseram que você estava beijando alguém, e foi quase isso mesmo!
— Bem, Leonardo, a diferença entre um contato entre lábios e um olhar nos olhos é considerável o suficiente para desclassificar o “quase”, sabia?
— Você fingiu que foi um beijo, não foi?
— Não fingi, mas se assim pareceu aos olhos alheios… É isso que direi.
— Agora, de novo…
— Não, essa foto (quer dizer, esse casal) era diferente… Não precisei chegar a fingir um beijo, foi só sussurrar no ouvido do menino: “eu tenho internet 8 Mb com wireless grátis”. Se você acha que isso é sair com alguém comprometido…
— Laís, pessoas normais não ficam excitadas quando descobrem a velocidade da internet do parceiro.
— Quando a namorada de uma dessas pessoas normais é uma aproveitadora que só namora o sujeito por causa das posses dele (e termina quando ele está com problemas), isso é importante. Mostra que não preciso dele só por causa da conectividade, mas sim por causa de outras coisas. Não é um bom jeito de falar sobre a verdade de uma relação?
Nesse ponto, talvez ela tivesse razão. Era melhor não discordar na atual situação.
Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro! (la lalala la lala lalaaa lalala la lalaraiaaa)
— Laís, você não é minha secretária para controlar quem fala comigo.
— Não sou mesmo, e fico feliz com isso. Só ajo assim para proteger as garotas de quem você tenta se aproveitar!
— Não faz sentido. Se alguém vem me procurar, então não saia dispensando ela sem motivo!
— Oh, você está errado, Leonardo. Eu tenho o motivo de que você é incapaz de assumir a verdade de que é incapaz de manter um compromisso.
— Não sou incapaz disso, só não tenho vontade mesmo. Prefiro ser livre.
— Liberdade envolve “ocultar a verdade”? É relacionada a “esconder-se” e “fingir que nada aconteceu”? Agora eu fiquei curiosa por esse novo tipo de liberdade, Leonardo! Talvez seja algo como a liberdade que uma garota que conheci ontem parece ter… Pois o “suposto” namorado dela parece nem saber que é namorado dela! Talvez tenha achado adeptos desse novo conceito filosófico de “ser livre”, meu caro colega…
— Eu só não quero manter um namoro sério, por isso sou livre para ficar com quem eu quiser…
Neste momento, Leonardo exagerou na brincadeira: no rosto da amiga passou a mão. Rígida, Laís não deixava passar besteira: o braço do amigo ganhou um beliscão.
— VÁ ******** (leia-se: PROCURAR) * **** *** ** ***** (leia-se: ALGUMA OUTRA PESSOA PARA BRINCAR).
— Foi uma brincadeira, Laís…
— Toda brincadeira parte de um desejo reprimido. Suma daqui agora. E jogue isso no lixo (uma foto de um casal que, segundo anotação dela, terminou sem que ela precisasse intervir).
Mais uma foto rasgada e nem um sorriso de alegria. Laís estava piorando por nada, e Leo nenhuma chance de ajudá-la percebia.
(TODOS JUNTOS COMIGO:) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Saiu tarde ontem, Laís? Espalhando mais boatos?
— Cale sua boca. Fiquei discutindo durante uma hora com a namorada do garoto da foto e, pela primeira vez, percebi que eles parecem saber o que estão fazendo um com o outro.
— Sério? Ou seja, não conseguiu “contar a verdade” ao casal?
— Eu estava ganhando, mas uma louca saiu sabe-se lá de onde e me trancou em uma classe. Eu poderia dizer que o garoto estava enganando as duas ao mesmo tempo, aí teria mais motivos para provar que estava certa, mas… Eu não acho que estava certa.
A garota parecia brava como criança ciumenta. Mesmo sendo raro de ver, ninguém aguenta.
— Se não consegue vencê-los…
— MUDE SUAS ARMAS!
— Laís, não é esse o ditado.
— Leonardo, cale sua boca. Eu não quero deixar aqueles dois, ou melhor, três, viverem em um relacionamento mais mentiroso do que você. Elas vão ouvir mais e mais. Eu vou convencê-las, nem que para isso perca minha voz!
Os boatos dizem que a discussão foi muito além, até não haver mais argumentos. No outro dia Laís nem viu ninguém, sem voz até para alguns lamentos.
(Instrumental solo) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Pelo visto, rasgou aquela foto.
— Cale a boca. — Ainda estava meio rouca.
— Fez o garoto terminar com as duas depois de conquistá-lo?
— Não. Perdi a foto por aí e não quero imprimir outra. Depois eles entenderão a verdade, querendo ou não, eu discutindo com eles ou não. Arranjei um caso pior de aproveitamento. — E a garota folheou o álbum.
— …Um casal de garotas? — Olhando a próxima foto, Leonardo entendeu desse modo.
— Um fingimento. Sentimentos mais falsos do que você.
— Eu não fico fingindo sentimentos.
— Leonardo, pela última vez, CALE A BOCA. Fale algo útil se for falar algo.
— Então, deixe que as pessoas vivam em paz do jeito que quiserem.
— Ah, vou deixar uma garota enganar outra assim, aleatoriamente? Brincar com algo que nem é natural? Sei que já discutimos sobre esse tipo de sexualidade (e Leonardo ganhou), mas isso me cheira a falsidade.
O verdadeiro amor, no fim, prevalecerá – não importa de que jeito Laís tente incomodar.
(Só vocês agora!) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Eu fui humilhada. Fui humilhada em público (Três pessoas vendo… Que público tremendo!) por uma lésbica ****** (leia-se: difícil de lidar)!
— Você que deve ter pedido por isso. E não ofenda as pessoas.
— Começamos a discutir, e ela começou a achar que eu estava com ciúmes dela! E quer coisa pior do que isso? Foi ouvir que eu não entendo de amor! Da namorada dela! Isso é realmente revoltante, tão revoltante que até parece que não existe mais amor real, é tudo mentira!
— Laís, que se dane sua opinião fundamentalista, mas eu concordo com elas e acho que você não entende disso.
— Você é a última pessoa de quem quero ouvir algo desse tipo. Saia de perto de mim.
— Então, você já amou alguém? Conte-me seus casos de amor, fale mais do jeito certo de amar. Nada disso existe, Laís, só existe o que uma pessoa sente por outra!
— Existe extorsão, subordinação, humilhação, enganação e muitas outras coisas que eu tenho certeza de que estão erradas!
— Como você sabe que uma relação tem disso? Às vezes, uma pessoa faz certos sacrifícios e favores por outras, e isso não transforma necessariamente um namoro em uma atividade abusiva.
— Nem quando isso é claro como o sol de verão? Mesmo que todos ao redor vejam a mentira que uma pessoa vive, ainda é amor, e ela precisa sofrer as consequências? Se esse é o sacrifício em que você acredita, por que não prova que sente amor sacrificando-se por alguma pessoa?
— Foi um exemplo…
— Se você é incapaz de provar o que fala, então por que ainda assim fica falando ***** (leia-se: coisas infundadas)?
— Não é que sou incapaz…
— É um covarde. Foge dos problemas. Foge da verdade. Enquanto você não provar que eu posso estar errada, eu vou provar para as pessoas que estou certa. Nisso… Você vai ouvir muitos boatos sobre mim, Leonardo.
— O último que eu ouvi é aquele em que você estava tentando ficar com uma menina comprometida.
— Suma. Daqui.
(A capella (leia-se: só voz)) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Beijos não vão transmitir mentiras.
— Podem transmitir outras coisas, afinal não sei onde você e elas colocam a boca.
— Ignorando isso… Você não pode impedir as pessoas de darem uns beijinhos atrás da biblioteca, ou no caminho para o terminal…
— Posso impedi-los de fazer coisas piores contando a verdade sobre amor para eles. E, aliás, Leonardo, estava conversando com a Rafa exatamente sobre isso.
— Nossa, Laís, você ainda tem uma amiga!
— Fala como se eu fosse antissocial. O problema é que a Rafa está namorando um cara que parece ser um aproveitador como você, que está usando a ingenuidade dela.
— Não julgue antes de ver, Laís. — “Talvez seja alguém que a ame mais do que eu poderia amá-la”, Leo imaginou.
— Pois acho que vou vê-la agora. Assim, já posso ajudá-la a terminar com o sujeito.
— Não pode primeiro conhecer esse sujeito?
— Deve ser igual a você e uma horda de pessoas aproveitadoras.
A mente dela, cada vez mais fechada. Pelo que dizia, tudo era apenas fachada.
(AGORA É PARA TERMINAR!) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— É uma falsidade atrás da outra! Pessoas egoístas e malandras em todo lugar! Tem certos momentos em que eu queria que tudo explodisse e começasse de novo!
— Estressada…
— Não é óbvio? Dá para relaxar vendo tantas mentiras?
— Laís, pare de bater na mesma tecla. Quantas vezes você já falou disso? Umas quinhentas?
— Se for necessário, falarei milhões de vezes a verdade! Que amor não é isso de extorsão, não é isso de fingimento!
(MAIS UMA VEZ, QUERO TODO MUNDO COMIGO!) Mentira ou sinceridade, falso ou verdadeiro? Atiça a curiosidade, cria discussão o tempo inteiro!
— Leonardo…
— O que aconteceu?
— Você ouviu mais algum boato que diga respeito a mim?
— Disseram que te viram com um garoto que parecia mais velho que você. Foi fora da escola. Perguntaram se era algum novo namorado, simplesmente respondi que não sabia.
— Se… Eu dissesse que realmente fiquei com um cara, você acreditaria?
— Se fosse o sujeito que me contasse, eu não acreditaria.
— Então ouça: um garoto ontem me beijou. O ex-namorado da Rafaela.
Assumindo que aconteceu, não era para ser tão relevante. Tudo depende da curiosidade: tornou-se assim tão interessante? Criou-se um problema ou achou-se a solução – para Laís, um dilema desses gera um novo plano de ação!
(Continua…)
ClaMAN
P.S.1: ALELUIA! Para variar, um capítulo no prazo e no horário certo! E concluído um dia antes!
P.S.2: Agenda das publicações previstas (pode sofrer mudanças):
- 07/02: Anti-cupido, capítulo 8
- 18/02: Como começar uma conversa sobre amor, capítulo 9
- 28/02: Me(us rece)ios, capítulo 9
- 09/03: Anti-cupido, capítulo 9
P.S.3: Só para constar, esse capítulo tem uma música (na verdade, todos tem, mas eu preciso acertar algumas coisas antes de divulgar). Só que ela ainda não está completa.
P.S.4: Eu tentarei lançar a trilha sonora das histórias (sério? Sério!) junto com a versão completa, e isso só depois que eu concluir todos os capítulos, revisar, editar, acrescentar cenas bônus, tirar censuras… Ou seja, só em 2017 (e olhe lá).